
As diferenças entre os SSDs que você não sabia
Se você pesquisou sobre SSDs (Solid State Drives), provavelmente se deparou com siglas como SLC, MLC, TLC, QLC e PLC. Mas o que elas significam? E por que isso importa na hora de escolher um SSD?
Bom, essas siglas estão diretamente ligadas à capacidade de armazenamento dos chips de memória Flash NAND, que são a base dos SSDs. E é justamente isso que vamos explicar a seguir.
Memória Flash NAND
Antes de falar das siglas, é importante entender o que é a tal da memória Flash NAND. Basicamente, quando você vê “SLC NAND”, “MLC NAND” e por aí vai, estão se referindo a diferentes tipos dessa tecnologia.
Mas o que é essa memória Flash NAND? Diferente dos HDs tradicionais, que armazenam dados em discos magnéticos giratórios, os SSDs usam chips de memória não volátil. Isso significa que os dados continuam armazenados mesmo sem energia – ou seja, quando você desliga o PC, nada se perde.
Essa tecnologia surgiu nos anos 1980 pela Toshiba e recebeu o nome de “Flash” porque o processo de apagar dados da memória lembra o flash de uma câmera, por ser bem rápido.
Os dados ficam armazenados em pequenas estruturas chamadas células, e a gravação acontece por meio de cargas elétricas. Dentro da categoria de memória Flash, existem dois tipos principais: Flash NOR e Flash NAND.
- Flash NOR permite acesso direto aos dados, o que torna a leitura mais rápida. Ele é bastante usado em chips que armazenam firmwares de roteadores, TVs, e smartphones, por exemplo.
- Flash NAND trabalha com acesso sequencial em blocos. Apesar disso, tem duas grandes vantagens: armazena mais dados no mesmo espaço físico e é mais barato. Por isso, é o tipo usado em SSDs, cartões de memória e pendrives.
Agora que você já entendeu a base do funcionamento dos SSDs, vamos ver o que diferencia SLC, MLC, TLC, QLC e PLC!
Quadro Comparativo
Tipo | Bits por Célula | Estados por Célula | Latência (µs) | Ciclos P/E | Desempenho | Custo | Aplicação Principal |
---|---|---|---|---|---|---|---|
SLC | 1 | 2 | 10/100 | 90.000-100.000 | 🔥🔥🔥🔥🔥 | 💲💲💲💲💲 | Servidores, missão crítica |
MLC | 2 | 4 | 25/300 | 3.000-10.000 | 🔥🔥🔥🔥 | 💲💲💲💲 | Estações de trabalho |
TLC | 3 | 8 | 75/600 | 1.000-3.000 | 🔥🔥🔥 | 💲💲💲 | Notebooks, desktops |
QLC | 4 | 16 | 100/1000 | 300-1.000 | 🔥🔥 | 💲💲 | Armazenamento acessível |
PLC | 5 | 32 | 200/1500 | < 300 | 🔥 | 💲 | Grande volume, baixo custo |

1. SLC (Single-Level Cell)
- Bits por célula: 1
- Estados possíveis por célula: 2 (0 ou 1)
- Latência de leitura/gravação: Baixíssima (~10 µs leitura / ~100 µs gravação)
- Ciclos de Programação/Apagamento (P/E): 90.000 a 100.000
- Velocidade de gravação: Alta (menor tempo de transição entre estados)
- Confiabilidade: Excelente (menor chance de erro devido à menor densidade de carga elétrica)
- Uso comum: Data centers, servidores de missão crítica, aplicações industriais e militares
- Custo: Extremamente alto devido à baixa densidade de armazenamento
🔹 Vantagens: Altíssima durabilidade, melhor desempenho, maior resistência a erros.
🔹 Desvantagens: Alto custo, baixa capacidade de armazenamento por célula.
2. MLC (Multi-Level Cell)
- Bits por célula: 2
- Estados possíveis por célula: 4 (00, 01, 10, 11)
- Latência de leitura/gravação: Média (~25 µs leitura / ~300 µs gravação)
- Ciclos P/E: 3.000 a 10.000
- Velocidade de gravação: Menor que SLC (tempo de transição maior)
- Confiabilidade: Boa (mas propensa a mais erros que SLC)
- Uso comum: SSDs de alto desempenho, estações de trabalho e aplicações profissionais
- Custo: Alto, mas mais acessível que SLC
🔹 Vantagens: Melhor relação custo-benefício que SLC, ainda possui boa durabilidade e desempenho.
🔹 Desvantagens: Menos durável e confiável que SLC.
3. TLC (Triple-Level Cell)
- Bits por célula: 3
- Estados possíveis por célula: 8 (000, 001, 010, 011, 100, 101, 110, 111)
- Latência de leitura/gravação: Média (~75 µs leitura / ~600 µs gravação)
- Ciclos P/E: 1.000 a 3.000
- Velocidade de gravação: Menor que MLC
- Confiabilidade: Média (mais propensa a erros que MLC)
- Uso comum: SSDs convencionais para consumidores, notebooks e desktops
- Custo: Médio
🔹 Vantagens: Bom custo-benefício para consumidores, maior capacidade por chip.
🔹 Desvantagens: Menor durabilidade e desempenho que MLC.
4. QLC (Quad-Level Cell)
- Bits por célula: 4
- Estados possíveis por célula: 16
- Latência de leitura/gravação: Alta (~100 µs leitura / ~1.000 µs gravação)
- Ciclos P/E: 300 a 1.000
- Velocidade de gravação: Significativamente mais lenta que TLC
- Confiabilidade: Baixa (altas taxas de erro, necessidade de técnicas avançadas de correção)
- Uso comum: Armazenamento de alta capacidade e baixo custo, SSDs para usuários casuais
- Custo: Baixo
🔹 Vantagens: Grande capacidade a um preço reduzido.
🔹 Desvantagens: Vida útil reduzida, desempenho limitado, mais dependente de cache DRAM ou SLC.
5. PLC (Penta-Level Cell)
- Bits por célula: 5
- Estados possíveis por célula: 32
- Latência de leitura/gravação: Muito alta (~200 µs leitura / ~1.500 µs gravação)
- Ciclos P/E: < 300
- Velocidade de gravação: Muito baixa
- Confiabilidade: Muito baixa (altíssima taxa de erro, necessidade extrema de algoritmos de correção)
- Uso comum: Ainda pouco difundido, previsto para armazenamento de baixo custo e grande volume
- Custo: Muito baixo
🔹 Vantagens: Maior densidade de armazenamento e menor custo por GB.
🔹 Desvantagens: Péssima durabilidade e desempenho, pode ser inadequado para aplicações exigentes.
Conclusão
- SLC ainda é o melhor em termos de desempenho e durabilidade, mas seu custo inviabiliza o uso para consumidores.
- MLC oferece um bom equilíbrio entre desempenho e durabilidade.
- TLC é a escolha mais comum para consumidores por oferecer um bom custo-benefício.
- QLC e PLC são voltados para armazenamento barato e de alta capacidade, mas sacrificam desempenho e durabilidade.